segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma história emocionante e que nos leva a refletir...

Lilito, um amor de caracol

Lilito era um caracol, daqueles que moram nos jardins e que são chamados de caramujos. Era um caracol muito bonito. Dava até para rimar...Lilito...bonito. Bonito ele era, mas tinha um problema: talvez por causa do peso da casa nas costas, Lilito fazia tudo devagar... bem devagarinho...Andava devagar...Dormia devagar... Vivia devagar. Bem devagarinho...
Ele não sabia pular como grilo, nem voar rápido como a Joaninha. Na hora de brincar de esconde-esconde, até ele contar até dez, todos os bichinhos já estavam cansado de esperar. Demorava demais. Mas o pior mesmo era na escola. Como a sua casa ia junto com ele para todos os lugares, Lilito só chegava atrasado porque morava bem pertinho, no jardim da escola. Mas, o resto...
A professora era Dona Aranha, muito inteligente. Tinha curso de especialização em Teias, feito nos Estados Unidos, e mestrado em Armadilhas, na Europa. Além disso, era ótima em Matemática e Português. Uma boa professora. Mas, enquanto os colegas já estavam na multiplicação, Lilito começava a entender a dição... Seus colegas já liam e escreviam, Lilito ainda nem sabia a diferença entre "b" e "d" ! Escrevia dola, quando era bola, e bebo quando era dedo!
Dona Aranha não podia mais esperar, pois, atrasaria a turma. Lilito foi ficando poara trás... para trás... Demorava para ler, demorava para copiar, demorava para entender! O que fazer comn Lilito, um caracol tão devagar quanto bonito?
Desesperada, Dona Aranha conversou com a diretora, e Lilito foi mandado para outra sala... ficou junto com as lesmas e as tartarugas... Mas aquela sala era chamada por todos os meninos da escola de ! a sala do pamonhas"! Sala dos pamonhas! Sala dos melecas! Sala dos burros! Essa era a triste fama daquela classe, e nenhuma professora queria trabalhar com eles... Trabalhar com aquela classe dava fama ruim para as professoras! Isso era o que elas pensavam.
Até que um dia, chegou àquela escola uma professora diferente. D-I-F-E-R-E-N-T-E? Diferente como? Diferente por quê?
Bem... diferente por várias razões. Primeiro, porque era uma minhoca. E minhoca não tem cara de professora. Diferente, porque trazia no rosto um sorriso do tamanho do mundo. Maior que o mundo: um sorriso do tamanho do coração dela! Ela se chamava Dona Lúcia e era a própria luz de alegria, brilhando naquela escola. E ela acreditava que toda criança pode aprender. É só ensinar do jeito certo. E o difícil é descobrir esse jeito! Dona L´pucia fez questão de dar aula para a sala dos pamonhas!
Quando chegou lá, viu que todos estavam desanimados, com cara de sono, só pensavam na merenda. Eles mesmos não acreditavam que podiam aprender! Sabem o que Dona Lúcia fez? Foi logo contando uma história! Histórias cendem olhinhos no mundo inteiro. E lá também! Os bichos ficaram fascinados, porque ela fazia gestos, imitava vozes, cantava! Que beleza!
Era uma história de gente que queria encontrar um tesouro. Ele estava escondido num lugar cheio de armadilhas, mas todos foram tentando, juntos, até conseguirem. Quando terminou a história, Dona lúcia disse:
_ E vocês? Gostariam de encontrar um tesouro também?
_ Mas é claro que nós queremos!, responderam todos.
_ Pois nós vamos procurar um tesouro: O tesouro é ler e escrever.
_Mas nós somos burros, pamonhas!
_ Nós não conseguimos aprender!
_Foi fácil para os heróris da história a busca do tesouro?
_Não, foi muito difícil!
_E eles desistiram?
_Não! Eles continuaram procurando.
_E conseguiram, não foi? Pois nós - vocês e eu - vamos conseguir também! Eu garanto a vocês.
_Nós vamos conseguir!


E começo a batalha: Dona Lúcia foi estudar, foi fazer cursos, foi pesquisar... e descobriu uma verdade maravilhosa: seu alunos não eram pamonhas, ele eram apenas lentos! Aprendiam mais devagar, cada um no seu próprio ritmo! E ela lhes contou o que havia descoberto:
_ Tudo nanatureza tem seu ritmo, isto é, sua maneira de ser... Existem as águias, que voam alto e longe, acima das montanhas... E os caracóis, devagar, na sua vidinha... Quem é mais importante? Pergunte a Deus... e ele vai responder que, para ele, os dois são iguais, recebem o mesmo amor. Têm papéis diferentes na vida, só isso. Existema as árvores enormes, que vivem centenas de anos... e a grama, pequena e macia. As duas tão lindas! Existe um sol iluminando tantos planetas... e o vagalume pequenino, iluminando um pedacinho de mato. Existem os elefantes e os ratos, as onçpas e as formigas, as jibóias e as minhocas... Todos no seu ritmo, no seu papel diante da vida! Por isso, a partir de hoje, nesta sala, ninguém vai se comprar com alunos de outras classes, nem das outras escolas. Cada um vai se comparar consigo mesmo... Cada dia, cada um vai perguntar:
_Eu melhorei? Em quê? Estou melhor do que ontem? Isso é que vai ser importante! Se levar mais tempo, não tem importância. Cada um faz seu tempo. Combinado?
E assim foi. Levou muito tempo. Mas todos aprenderam. Uns mais depressa. Lilito, é claro, foi o último. Mas todos aprenderam. E nunca esqueceram Dona Lúcia.
Os anos se passaram... Lilito foi aprendendo... crescendo... E, quando ficou adulto, sabem que profissão escolheu? Lilito tornou-se pesquisador... Ele foi estudar mais sobre educação e sobre o ritmo decada um. Porque, no relógio da vida, a gente é que faz o tempo.

COSTA, Sandra Diniz. Lilito, um amor de caracol. Minas Gerais: Gráfica Claranto Ltda.




3 comentários:

  1. Gente, amei essa história, pois, eu tenho um Lilito em casa (Meu filho) e tenho vivenciado cotidianamente a dificuldade de aprendizagem, sofrido, chorado, mas, também lutamos juntos.
    Sei que ele tem seu próprio tempo e estou aprendendo a respeitar isso.

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  2. Essa história me lembrou-me a disciplina de Inclusão de Pessoas com NEE (Necessidades Educacionais Especiais), que tivemos semestre passado com a professora Jaciete. E lembrei de um texto que falava sobre o assunto e expressava que o professor ñ deve enfatizar o que o aluno tem de deficitário e sim enxergar o que pode ser trabalhado junto ao aluno, dentro das possibilidades de suas limitações, potencializar o que ele tem de positivo.

    (...) É preciso reconhecer que a deficiência tem uma dupla influência no desenvolvimento: se, por um lado é uma limitação e diretamente atua como tal - criando obstáculos, prejuízos e dificuldades, por outro exatamente porque os cria, serve de estímulo para o desenvolvimento das vias de adaptação, canais de compensação que podem levar, do equilíbrio alterado, a uma nova ordem na constituição da diferença, sem fixar-se no território de um rótulo qualquer ou representar o lugar do não saber; mas sendo o lugar de um outro saber, às vezes carregado de sensibilidade e não apenas voltado para a adaptação à lógica. ( MONTEIRO, pág.76)


    Pois, todos nós temos as nossas limitações, mesmo em uma classe com alunos que não possuem NEE, o educador encontrará alunos que possuem maior dificuldade de aprendizado do que outros, e deve saber e está disposto a trabalhar tais dificuldades. O que vimos também na disciplina Alfabetização e Letramento que em uma sala de aula, podemos encontrar alunos em diversos níveis da fase de alfabetização e trabalharemos com esses alunos de forma que superem tais conflitos da fase em que se encontra, até que atinja a fase posterior.
    Neilza

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  3. Essa história me lembrou-me a disciplina de Inclusão de Pessoas com NEE (Necessidades Educacionais Especiais), que tivemos semestre passado com a professora Jaciete. E lembrei de um texto que falava sobre o assunto e expressava que o professor ñ deve enfatizar o que o aluno tem de deficitário e sim enxergar o que pode ser trabalhado junto ao aluno, dentro das possibilidades de suas limitações, potencializar o que ele tem de positivo.

    (...) É preciso reconhecer que a deficiência tem uma dupla influência no desenvolvimento: se, por um lado é uma limitação e diretamente atua como tal - criando obstáculos, prejuízos e dificuldades, por outro exatamente porque os cria, serve de estímulo para o desenvolvimento das vias de adaptação, canais de compensação que podem levar, do equilíbrio alterado, a uma nova ordem na constituição da diferença, sem fixar-se no território de um rótulo qualquer ou representar o lugar do não saber; mas sendo o lugar de um outro saber, às vezes carregado de sensibilidade e não apenas voltado para a adaptação à lógica. ( MONTEIRO, pág.76)


    Pois, todos nós temos as nossas limitações, mesmo em uma classe com alunos que não possuem NEE, o educador encontrará alunos que possuem maior dificuldade de aprendizado do que outros, e deve saber e está disposto a trabalhar tais dificuldades. O que vimos também na disciplina Alfabetização e Letramento que em uma sala de aula, podemos encontrar alunos em diversos níveis da fase de alfabetização e trabalharemos com esses alunos de forma que superem tais conflitos da fase em que se encontra, até que atinja a fase posterior.

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